Presidente do Miss Universo diz que derrota polêmica de favorita africana foi pelo 'passaporte' dela
26/11/2025
(Foto: Reprodução) A modelo Olivia Yacé, que concorreu ao Miss Universo 2025
Lillian SUWANRUMPHA / AFP
O presidente do concurso Miss Universo, Raul Rocha Canthu, disse que o passaporte das candidatas é um critério relevante na seleção da campeã. A declaração, que está sendo bastante criticada, foi feita nesta segunda-feira (24), em uma live.
A fala aconteceu enquanto o empresário explicava a razão de Olivia Yacé, a Miss Costa do Marfim, não ter vencido o concurso. Candidata era considerada uma das favoritas a ganhar o concurso.
"Existem muitas coisas que são valorizadas. Podem checar no Google e procurar quantos países pedem visto a [pessoas da] Costa do Marfim. São 175 países", afirmou o presidente. "O trabalho da Miss Universo dura um ano, então, ela seria a Miss Universo que passa um ano inteiro dentro de um apartamento."
A declaração de Canthu gerou polêmica porque nacionalidade das candidatas nunca foi citada oficialmente como um critério do concurso.
Mexicana vence Miss Universo após sofrer insulto em concurso
Renúncia
A vitória do Miss Universo foi anunciada no dia 21 de novembro, coroando a mexicana Fátima Bosch. O anúncio da vencedora também gerou polêmica, já que o pai da modelo, Bernardo Bosch, tem uma parceria de negócios com a Legacy Group, empresa de Rocha.
Nesta segunda (24), Olivia Yacé anunciou que está renunciando ao título e encerrando qualquer vínculo com o concurso. A miss também abriu mão do título de rainha continental da África e Oceania, devolvendo a faixa.
Em nota, Olivia disse que sua saída tinha a ver com "se manter fiel aos seus valores de respeito, dignidade, excelência e oportunidades igualitárias". "É esse comprometimento para ser uma influência positiva que guia minha decisão hoje", escreveu.
Além dela, a Miss Estônia, Brigitta Schaback, 28, comunicou no domingo (23) que deixará o Miss Universo Estônia por não concordar com a conduta de sua diretoria nacional.
Miss Estônia e Miss Costa do Marfim abrem mão de títulos após edição polêmica
Reprodução/Instagram
Ela disse que seus princípios estão ligados ao empoderamento feminino e que seguirá atuando de forma independente. Brigitta já havia demonstrado incômodo após a entrevista preliminar, afirmando que enfrentou perguntas fora do escopo do concurso.
Organizações nacionais da Costa do Marfim e da França também cobraram explicações sobre a votação. O Miss France, um dos concursos mais tradicionais, declarou que pode desistir da edição de 2026 caso não haja respostas claras. Em comunicado, organizadores afirmaram que, pagando taxas e representando marcas nacionais, merecem transparência.
"Um erro pode acontecer. Mas essa série de falhas, eles terão que explicar. E eu sei que não somos os únicos; outros países também estão se fazendo essas perguntas", declarou a organização do Miss France.
Ao longo do concurso de 2025, casos de insulto e alegações de falta de transparência e favoritismo acabaram fazendo desta edição uma das mais controversas dos últimos anos.
Relembre a seguir fatos que marcaram a edição:
➡️ Insulto contra a mexicana
A vencedora Fátima Bosch foi insultada pelo executivo tailandês Nawat Itsaragrisil, responsável pela organização do concurso em 2025. Durante uma transmissão ao vivo em 4 de novembro, Nawat chamou a Miss México de “estúpida” por, segundo ele, não publicar conteúdo suficiente sobre a Tailândia em suas redes sociais.
O caso teve ampla repercussão e chegou até a presidente do México, Claudia Sheinbaum, que elogiou Bosch por enfrentar a situação.
“O que o diretor fez foi desrespeitoso: ele me chamou de estúpida”, disse Bosch a jornalistas após o incidente. “O mundo precisa ver isso porque somos mulheres empoderadas e esta é uma plataforma para a nossa voz"
O Miss Universo condenou publicamente o comportamento de Nawat. A vitória de Bosch é vista como uma resposta à polêmica.
➡️ Acusações de voto ilegítimo e desistências no júri
Segundo a agência de notícias RFI, dois membros do júri desistiram de participar do evento nesta semana. O compositor francês Omar Harfouch acusou o concurso de ser manipulado, mencionando um “voto secreto e ilegítimo” que teria ocorrido sem o verdadeiro júri do Miss Universo, segundo publicação no Instagram.
"Miss México é uma vencedora falsa", diz no post. A organização do concurso negou a acusação.
Já o ex-jogador da seleção francesa de futebol Claude Makélélé anunciou nas redes sociais que deixava o júri por “razões pessoais imprevistas”.
➡️Homenagem para santa brasileira
Durante uma competição preliminar do concurso dedicada a trajes típicos nacionais, a brasileira Gabriela Lacerda desfilou vestida de Nossa Senhora Aparecida, santa considerada a padroeira do Brasil e a quem é devota.
O traje, criado pelo designer Mario Cezar, repercutiu nas redes sociais.
Piauiense que está concorrendo ao Miss Universo se veste de Nossa Senhora Aparecida
Reprodução/Redes Sociais
➡️ Vestida de salmão
Durante a mesma competição de trajes típicos, a norueguesa Leonora Lysglimt-Rødland utilizou um vestido de salmão para homenagear seu país.
A fantasia viralizou nas redes sociais: quando fechado, forma um salmão gigante, em uma referência ao símbolo nacional da Noruega; aberto, deixa à mostra o interior do animal.
Candidata ao Miss Universo viraliza com fantasia de salmão em desfile de trajes típicos;
➡️ Queda no palco
A miss Jamaica, Gabrielle Henry, foi hospitalizada após cair acidentalmente fora do palco durante um desfile em traje de gala. Em comunicado, a organização Miss Universo Jamaica informou que Gabrielle foi levada ao Hospital Paolo Rangsit para receber tratamento, mas não sofreu ferimentos graves.
“Gostaria de compartilhar com a família Miss Universo, que está preocupada com a saúde de nossa Miss Universo Jamaica, que à meia-noite, horário de Bangcoc, acabei de deixar o hospital onde ela está sendo tratada. Estive lá com ela e sua família e, felizmente, não há ossos quebrados, e ela está recebendo bons cuidados", disse o presidente do Miss Universo, Raul Rocha.
➡️ Renúncia na diretoria
Em junho, a ex-diretora executiva e co-proprietária da Organização Miss Universo (MUO), Anne Jakrajutatip, renunciou ao cargo após acusações de falsificação de demonstrações financeiras de sua empresa, a JKN, informou a Reuters.