'O Sobrevivente' traz aventura agitada, porém pouco empolgante, sobre reality show mortal; g1 já viu

  • 20/11/2025
(Foto: Reprodução)
"O Sobrevivente", que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (20), une dois elementos que atraem o público e os realizadores de Hollywood: pessoas que lutam pela vida num futuro distópico (tipo a franquia "Jogos Vorazes") e uma história baseada numa obra escrita pelo consagrado Stephen King (lançada no Brasil com o título "O Concorrente", pela editora Suma). Além disso, o filme conta com um elenco sólido, uma produção impecável e um diretor cultuado entre os fãs do cinema por seus trabalhos fora do comum, que dá um bom ritmo para a trama. Apesar dos elementos promissores, o resultado é apenas satisfatório, sem a originalidade que poderia elevar o filme. Ainda mais com temas que são atuais e que são amplamente discutidos em vários níveis da sociedade. A trama é centrada em Ben Richards (Glen Powell), um homem em uma situação complicada após perder o emprego e não ter condições para sustentar a esposa, Sheila (Jayme Lawson, de "Pecadores") ou de pagar um tratamento de saúde para a filha doente, Cathy (interpretada pelas gêmeas Alyssa e Sienna Benn). 'O Sobrevivente': assista ao trailer Desesperado, ele aceita participar do programa de TV "O Sobrevivente", criado pelo megaempresário Dan Killian (Josh Brolin) e apresentado por Bobby T (Colman Domingo). O show oferece um grande prêmio em dinheiro para os competidores que conseguirem escapar de uma grande caçada por todo o país por 30 dias. Só que Ben logo descobre que não é fácil ganhar o programa porque, além do grupo de caçadores implacáveis mandados pelo show para pegá-lo, ele também tem que lidar com a vigilância constante das câmeras espalhadas em todos os lugares que vai. Isso sem falar em cidadãos pouco confiáveis, que querem a sua cabeça só por diversão. Disposto a virar o jogo, ele faz de tudo para não morrer e isso acaba gerando consequências inesperadas para ele e seus adversários. Pão, circo e explosões O aspecto mais fascinante em "O Sobrevivente" é que o filme lida com alguns aspectos que, mesmo ficcionais e exagerados, são bem contemporâneos e identificáveis para os espectadores. Assim, através do programa que dá título ao longa, o público se vê diante de temas como fake news, deepfake, polarização, manipulação da mídia, controle de massas, entre outros. Tudo embalado numa montagem moderna e uma trilha sonora pop, característica dos trabalhos anteriores do diretor Edgar Wright, de sucessos cult como "Em Ritmo de Fuga" e "Todo Mundo Quase Morto". Bobby T (Colman Domingo) é o apresentador do programa mais popular dos EUA em 'O Sobrevivente' Divulgação A partir da história de King (que assinou originalmente seu livro sob o pseudônimo Richard Bachman), Wright, que escreveu o roteiro ao lado de Michael Bacall, se mostra mais fiel ao material original do que a primeira versão, lançada em 1987 e estrelada por Arnold Schwarzenegger. Assim, vários momentos da trama são bem semelhantes aos que King escreveu (com direito a referências de outros livros do autor, como "It: A Coisa"), mas, ao mesmo tempo, com parte do estilo do diretor, com ângulos inusitados de câmera, uma edição bem moderna e um ritmo intenso nas cenas de ação, com muitos tiros e explosões, que certamente vão deixar muita gente satisfeita. O problema é que Wright já fez isso antes em outros filmes que dirigiu e, por causa disso, não causa mais o efeito surpresa que era esperado. As sequências estão corretas e bem feitas, como uma que se passa num corredor apertado de um prédio que mostra o protagonista tentando escapar de seus algozes. Mas, ainda assim, não há uma originalidade ou até mesmo um brilhantismo que já pôde ser visto, por exemplo, na cena de abertura do ótimo "Em Ritmo de Fuga". Caçadores mascarados buscam matar concorrentes do programa 'O Sobrevivente' Divulgação Além disso, fica estranho que o grupo de perseguidores do programa serem homens com os mesmos uniformes e com os rostos cobertos com máscaras durante boa parte da história. Isso os deixa sem personalidade e sem distinção uns dos outros. Pelo menos, no filme estrelado por Schwarzenegger, eles apareciam como uma espécie de "gladiadores vitaminados" com habilidades e armas específicas, o que ajudava a torná-los diferentes e até mesmo interessantes. Já aqui, eles não fazem a menor diferença e essa falta de personalidade os torna apáticos para o público. Tanto que, quando é revelado um segredo a respeito de um dos caçadores, a pergunta que vem à mente é: "E daí?". Isso é algo que realmente frustra e diminui a sensação de perigo que o personagem de Powell tem que encarar. Outro problema é que o roteiro não sabe como trabalhar com alguns personagens coadjuvantes da trama. O melhor exemplo disso é Amelia, vivida por Emilia Jones, de "No Ritmo do Coração". A jovem, que acaba se envolvendo na perseguição a Ben Richards meio que sem querer, tem uma mudança no comportamento tão brusca que acaba não fazendo sentido. A atuação da atriz também não ajuda por não a tornar mais cativante e dá a sensação de que, se ela não existisse, não faria falta (a não ser por uma subtrama que mostra como o programa comandado por Brolin distorce os fatos para o seu bel-prazer). Ben Richards (Glen Powell) conta com a ajuda de Elton (Michael Cera) para fugir de caçadores no filme 'O Sobrevivente' Divulgação Fugitivo por acaso Pelo menos, "O Sobrevivente" acerta na escalação do ator para viver o protagonista. Glen Powell mostra mais uma vez que tem um grande potencial para se tornar um astro de primeira grandeza em produções hollywoodianas. Ele tem bastante carisma e funciona bem tanto nas cenas de ação quanto nas dramáticas. Quando ele diz que a única coisa que importa para ele é voltar para a sua família, o público compra a luta dele para vencer seus obstáculos. Algo que Schwarzenegger (que ganha uma simbólica homenagem no filme) não conseguiu fazer na primeira versão. A única coisa que complica o seu trabalho é que, lá pelas tantas da trama, ele tem que usar próteses, perucas e bigodes falsos, além de mudar a forma de falar, para conseguir fugir e continuar no jogo. Esse recurso soa repetitivo porque Powell já tinha feito o mesmo antes no ótimo "Assassino por Acaso" (2023) e na série de TV "Chad Powers" (2025). Claro que os disfarces reforçam a versatilidade do ator, mas usados em excesso acabam tornando esse recurso repetitivo e supérfluo. Tanto para o ator quanto para a história em si. Josh Brolin é o vilanesco Dan Killian no filme 'O Sobrevivente' Divulgação Do lado dos vilões, Josh Brolin mostra que sabe fazer muito bem personagens canalhas e cafajestes e consegue construir seu Killian como alguém intimidador, que busca mostrar que está sempre no controle da situação, mesmo quando tem um resultado adverso do que estava esperando. São interessantes as cenas em que ele confronta Richards sempre com um sorriso irônico no rosto. Já Colman Domingo faz uma apresentação provocativa e sem freios, como o ambíguo apresentador do programa, que parece gostar de ver o circo pegar fogo (de preferência com os desafiantes dentro dele). É um trabalho curioso que só não tem mais destaque porque ele aparece menos do que deveria. Entre os coadjuvantes, vale destacar o trabalho de Michael Cera, que volta a colaborar com Wright após protagonizar "Scott Pilgrim contra o Mundo" (2010). Pela primeira vez em muito tempo, o ator constrói um tipo que não parece ser uma extensão de sua própria personalidade, como já tinha feito em outros papéis. Na pele de Elton, Cera convence como o rapaz que busca ajudar o protagonista a escapar dos caçadores, mesmo que suas questões internas o atrapalhem às vezes. Katy O' Brien e William H. Macy também marcam presença, mesmo com pouco tempo de tela. Apesar de não ser a versão definitiva do livro de Stephen King (que também teve outra obra sua adaptada para os cinemas em 2025, o elogiado "A Longa Marcha - Caminhe ou Morra"), "O Sobrevivente" é um filme que diverte pelo ritmo e é uma boa introdução para quem não conhece bem outras obras do escritor. Só não espere que fique na memória do espectador por muitos dias após assistir nos cinemas. Fica a expectativa de que, um dia, surja uma versão capaz de marcar o público de forma duradoura. Cartela resenha crítica g1 Arte/g1

FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/g1-ja-viu/noticia/2025/11/20/o-sobrevivente-traz-aventura-agitada-porem-pouco-empolgante-sobre-reality-show-mortal-g1-ja-viu.ghtml


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