Mateus Aleluia é alma e raiz da sinfonia afro ‘Baía profunda’, apresentada sob a regência do maestro Ubiratan Marques

  • 10/11/2025
(Foto: Reprodução)
Mateus Aleluia (à direita) é o centro do espetáculo sinfônico regido pelo maestro Ubiratan Marques (à esquerda, ao fundo) e valorizado pela presença do bailarino Negrizu Fernando Naiberg / Divulgação ♫ OPINIÃO SOBRE SHOW Título: Baía profunda Artista: Mateus Aleluia e Orquestra Afrosinfônica sob regência do maestro Ubiratan Marques – com participações de Carlinhos Brown, Margareth Menezes e do bailarino Negrizu Data e local: 8 de novembro de 2025 na Concha Acústica do Teatro Castro Alves (Salvador, BA) Cotação: ★ ★ ★ ★ 1/2 ♬ SALVADOR (BA) – “Estamos entre nós”, saudou Mateus Aleluia ao se reconhecer na plateia embevecida que superlotou a Concha Acústica do Teatro Castro Alves na noite de sábado, 8 de novembro, para assistir à apresentação única do Baía profunda, show em forma de concerto sinfônico que selou a anunciação do homônimo projeto multidisciplinar concebido pelo artista quando regressou ao Brasil em 2003, vindo de Angola, e buscou um outro lugar ao sol na Bahia de todos os deuses e santos ao pavimentar carreira solo. Seu Mateus – como é carinhosamente reverenciado esse cantor, compositor e músico baiano de 83 anos que alcançou projeção nacional nos anos 1970 como integrante do grupo Os Tincoãs – foi a alma e a raiz da sinfonia afro apresentada sob a batuta do maestro Ubiratan Marques, o Bira, regente e mentor da Orquestra Afrosinfônica, maravilha contemporânea da cena musical alternativa de Salvador (BA), primeiro porto do Brasil, país moldado pela miscigenação de indígenas, negros e imigrantes europeus. Sim, Mateus, Bira, Negrizu – imponente bailarino e coreógrafo que capturou olhares do público ao evoluir pelo palco da Concha em números musicais como Lamento às águas (Mateus Aleluia e Dadinho a partir de tema tradicional, 1977) e Eu vi Obatalá (Mateus Aleluia, 2017), personificando entidades da religiões de matriz afro-brasileiras – estavam entre os deles, o povo da Bahia preta. O show teria sido mais bem acomodado no palco de um teatro (o Teatro Castro Alves está em obras há anos). Ainda assim, o concerto afro fluiu bem ao longo de duas horas, tendo sido aberto com a execução do Hino do Baía profunda pela Orquestra Afrosinfônica. A aliciante combinação de sopros, percussões e vocais já deu a pista da exuberância dos números orquestrais. Mateus Aleluia (ao microfone) apresenta o show ‘Baía profunda’ na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador (BA) Fernando Naiberg / Divulgação Após o número de abertura, Mateus Aleluia entrou em cena e foi aplaudido de pé, ovacionado como entidade da música da Bahia. Ao dar voz à belíssima Ciranda dos meninos, Seu Mateus espalhou no ar uma alta carga de ancestralidade que beirou o sublime. Mateus Aleluia encarnou ali, ele próprio, o espírito da Baía profunda que formou o Brasil nas águas da pluralidade e da miscigenação. “Essa Baía de Todos os Santos que já existia antes de nós existirmos”, ressaltaria Mateus em fala posterior do show sinfônico. Na sequência da Ciranda dos meninos, o artista cantou Orin ori (Meu caminhar), tema que gravou no primeiro álbum autoral de Ubiratan Marques, Dança do tempo (2023). Com a orquestra fora de cena, mas com Ubiratan Marques ao piano, Mateus Aleluia se acompanhou ao violão em Ogum pa, música que abriu o primeiro álbum solo do cantor, Cinco sentidos (2009), em gravação feita com o toque límpido do piano de Bira. O canto vivaz de Quem guiou a cega (Mateus Aleluia, 2009) gerou pausa para contar a história da música composta pelo artista sob encomenda para a trilha sonora de filme sobre o lendário soteropolitano Cosme de Farias (1875 – 1972), advogado sem formação acadêmica que se impôs nos tribunais ao sair em defesa do povo pobre da Bahia e ao combater o analfabetismo. Música do segundo álbum solo de Mateus Aleluia, Fogueira doce (2020), Sonhos cor de crioula cruzou o oceano da baía profunda que liga o Brasil ao continente africano para celebrar Luanda através de canção grande beleza melódica e poética. Sonhos cor de crioula foi um dos momentos do show em que, munido somente do violão e da voz que irradia alta carga de espiritualidade nos graves profundos, Mateus Aleluia conseguiu construir uma atmosfera de encantamento. “Eu sou do Ilê do Malê / Minha dança é de negro / Quero ver meu pé sangrar / Quebro meu cativeiro / Com um canto que é milenar”, cantou o artista em Filho de rei (Mateus Aleluia), celebrando a liberdade do povo negro com a quebra das correntes físicas e simbólicas. Filho de rei é música apresentada por Mateus Aleluia no terceiro álbum solo do artista, Olorum (2020). Mateus Aleluia (à esquerda) recebe Margareth Menezes e Carlinhos Brown para o canto de ‘Cordeiro de Nanã’, sucesso do grupo Os Tincoãs Fernando Naiberg / Divulgação Fogueira doce (Mateus Aleluia, 2020), música-título do álbum solo mais popular de Mateus, esquentou o público, que fez coro nos versos, fazendo da Concha Acústica do Teatro Castro Alves um shangri-lá dourado como o citado na letra. Na parte final do espetáculo, com a Orquestra Afrosinfônica já de volta ao palco, o clima de festa e congraçamento se intensificou com as lembranças dos dois maiores sucessos do grupo Os Tincoãs, Deixa a gira girar (Mateus Aleluia, Dadinho e Heraldo Bozas, 1973) e Cordeiro de Nanã (Mateus Aleluia e Dadinho, 1977), este cantado em feitio de oração com as presenças de Carlinhos Brown e Margareth Menezes, dois nomes importantes para a consolidação da carreira solo de Mateus Aleluia após a volta ao Brasil em 2003. Música do segundo álbum da Orquestra Afrosinfônica, Orin – A língua dos anjos (2020), Maracatu do Congo – parceria de Mateus Aleluia com Ubiratan Marques – encerrou a sinfonia afro-baiana Baía profunda, enfatizando as pontes indestrutíveis com a mãe África, continente do qual Mateus Aleluia simboliza no Brasil a alma e a raiz, como reiterado no show sinfônico que reforçou os laços do artista com Ubiratan Marques, o maestro Bira, regente de espetáculo singular que não se repetirá. ♫ O colunista do g1 viajou a Salvador (BA) a convite da produção do evento Baía profunda. Aos 83 anos, o cantor, compositor e músico Mateus Aleluia já personifica entidade na cena cultural da Bahia Fernando Naiberg / Divulgação Negrizu, bailarino e coreógrafo, deu show à parte com a dança feita em músicas como ‘Eu vi Obatalá’ e ‘Lamento às águas’ Fernando Naiberg / Divulgação

FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2025/11/10/mateus-aleluia-e-alma-e-raiz-da-sinfonia-afro-baia-profunda-apresentada-sob-a-regencia-do-maestro-ubiratan-marques.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Peça Sua Música

Top 10

top1
1. Deus Proverá

Gabriela Gomes

top2
2. Algo Novo

Kemuel, Lukas Agustinho

top3
3. Aquieta Minh'alma

Ministério Zoe

top4
4. A Casa É Sua

Casa Worship

top5
5. Ninguém explica Deus

Preto No Branco

top6
6. Deus de Promessas

Davi Sacer

top7
7. Caminho no Deserto

Soraya Moraes

top8
8.

Midian Lima

top9
9. Lugar Secreto

Gabriela Rocha

top10
10. A Vitória Chegou

Aurelina Dourado


Anunciantes