Lenine personifica no magnífico álbum 'Eita' um 'leão do Norte' na melhor das formas, à espera de tempo iluminado

  • 30/11/2025
(Foto: Reprodução)
Lenine apresenta 11 músicas inéditas no repertório inteiramente autoral do álbum 'Eita' Gilda Midani / Divulgação ♫ OPINIÃO SOBRE ÁLBUM Título: Eita Artista: Lenine Cotação: ★ ★ ★ ★ ★ ♬ Se Lenine fingia ter paciência em 1999, agoniado com o giro cada vez mais veloz do mundo, o artista prega a fé no inesperado em 2025 com a crença de que um tempo mais iluminado vai chegar. A caminho dos 67 anos, a serem festejados em 2 de fevereiro, o cantor acende o fogo da esperança nos versos da canção Confia em mim (Lenine e Dudu Falcão), primeira das 11 músicas inéditas que compõem o repertório inteiramente autoral de Eita, álbum lançado pelo artista na sexta-feira, 28 de novembro, com capa que expõe gravura inédita da artista visual Luiza Morgado. Há dez anos sem lançar disco de músicas inéditas, o cantor, compositor e instrumentista volta revigorado, reeditando o alto nível do álbum anterior de estúdio, Carbono (2015), apresentado há uma década. Gravado com produção musical de Bruno Giorgi, sob direção artística de Lenine, o álbum Eita gravita com excelência em torno da galáxia musical desbravada por Lenine há 32 anos, inicialmente em álbum com o percussionista Marcos Suzano, o decisivo Olho de peixe (1993), e depois em discografia solo iniciada há 28 anos com o álbum O dia em que faremos contato (1997), marco consolidador da identidade e do universo musical do artista nascido no Recife (PE) em 1959 e residente no Rio de Janeiro (RJ) desde 1979. Está tudo lá em Eita, sobretudo o violão de toque percussivo e cheio de suingue, como atesta a música-título Eita, gravada com o piano sincopado do conterrâneo Vitor Araújo. Detalhe: recorrente na letra,. a interjeição-título é ouvida na faixa nas vozes de ilustres nordestinos como a maranhense Alcione, o alagoano Djavan, a baiana Ivete Sangalo e o pernambucano Luiz Inácio Lula da Silva. Sim, Lenine saiu do Recife, mas o Recife continua entranhado na alma do artista. Eita é álbum enraizado na potente musicalidade da nação nordestina. Há muito da região na timbragem da gravação desse repertório coeso e na sintaxe de músicas como a apaixonada canção Meu xamêgo, dedicada à companheira de vida Anna Barroso. Belo é o Recife em chamas na pisada do maracatu O rumo do fogo (Lenine e Lula Queiroga), facho de esperança na virada de rota da política ambientalista do Brasil. Ativista da causa indígena, Maria Gadú se junta a esse canto de fé dedicado aos ativistas e líderes indígenas Ailton Krenak e Davi Kopenawa. Já Foto de família, parceria de Lenine com o filho João Cavalcanti, é flash memorialista de brasa nostálgica amainada pelo lirismo da canção adornada com cordas e adensada com o canto profundo de Maria Bethânia. Boi Xambá faz festejo e fanfarra com as percussões e as vozes do grupo Bongar. Na sequência do álbum Eita, Lenine segue a toada com Malassombro, tendo Siba como parceiro e convidado desta faixa em que rabecas (do próprio Siba) e violas evocam a aridez dos cantadores do sertão nordestino, aos quais Lenine dedica a faixa. Parceria de Lenine com Gabriel Ventura, Beira se equilibra pelas veredas desse sertão na timbragem áspera da faixa coproduzida e mixada por Ventura (voz, guitarras e teclados). No baque de Deita e dorme, parceria de Lenine com Arnaldo Antunes, poeta musical de contornos concretistas, o álbum Eita explicita o fato de que, na obra de Lenine, a forma como a música ganha vida em estúdio é tão importante quanto a composição em si. Tanto que os melhores registros desse cancioneiro são os feitos pelo próprio Lenine, ainda que o compositor tenha sido bem gravado pela leoa paraibana Elba Ramalho, voz que propagou a obra do artista antes de Lenine se firmar no mercado. A sanfona de Mestrinho sublinha a ambiência nordestina de Aos domingos – faixa dedicada por Lenine ao pai, José Geraldo, falecido em julho de 2015 aos 93 anos – e reforça a conexão do álbum Eita com terra natal de Lenine, parido do ventre de Daisy Pimentel, a mãe (falecida em janeiro de 2017, aos 91 anos), a quem o artista dedica à supracitada canção Foto de família. No fim do disco, as sanfonas do mesmo Mestrinho fazem o baile seguir em clima de arrasta-pé em Motivo, música de Lenine com Carlos Posada gravada com o arsenal forrozeiro de Durval (zabumba, triângulo e coquinho). Enfim, o álbum Eita mostra Lenine na melhor das formas, apresentado repertório inédito pautado pela coesão e valorizado pelos arranjos de virtuoses como Carlos Malta, Henrique Albino e Martin Fondse. Nono álbum de estúdio da discografia coerente de Lenine, artista com raízes fincadas na música de Pernambuco e antenas ligadas nos sons do mundo, Eita flagra o leão do Norte ainda indomado, à espreita da vida e à beira do abismo de um mundo tenso, mas um leão já serenado e confiante, à espera da chegada de tempo iluminado. Capa do álbum ‘Eita’, de Lenine Linogravura de Luiza Morgado Lenine canta com Maria Bethânia, Maria Gadú e Siba no álbum 'Eita' Gilda Midani / Divulgação

FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2025/11/30/lenine-personifica-no-magnifico-album-eita-um-leao-do-norte-na-melhor-das-formas-a-espera-de-tempo-iluminado.ghtml


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