Elis Regina, cantora que rebentava porque estava viva, ressurge complexa e fascinante em reedição de biografia

  • 04/05/2025
(Foto: Reprodução)
Capa do livro ‘Elis – Nada será como antes’, de Julio Maria Paulo Karwall ♫ OPINIÃO SOBRE LIVRO Título: Elis – Nada será como antes Autor: Julio Maria Cotação: ★ ★ ★ ★ ★ ♬ Em 2015, ano em que Elis Regina teria feito 70 anos, a cantora gaúcha foi perfilada pelo jornalista Julio Maria com toda a grandeza do canto sublime e da alma sensível, mas também com todas as misérias humanas do presente cotidiano, em biografia que fez jus ao status de definitiva. Contudo, decidido a recriar a criação, Maria reapresenta o livro neste ano de 2025 em que a artista poderia ter festejado oito décadas de vida em março. A biografia Elis Regina – Nada será como antes reaparece no mercado literário pela editora Companhia das Letras, com outra capa, a supressão do nome “Regina” no título e a adição de páginas e conteúdo. Sem falsas iscas para fisgar novos leitores, a edição foi realmente revista, ampliada e atualizada, além de ter sido reescrita, abarcando, por exemplo, a feitura e a repercussão da propaganda veiculada em julho de 2023 com Elis cantando Como nossos pais (Belchior, 2023) ao lado da filha Maria Rita por meio de recursos de inteligência artificial. O conteúdo adicional aprimora a biografia, mas, em essência, Elis – Nada será como antes é biografia tão recomendável na corrente reedição de 2025 quanto na edição original de 2015 pelo simples fato de que trata-se do melhor retrato de Elis Regina Carvalho Costa (17 de março de 1945 – 19 de janeiro de 1982), imortal cantora e saudade do Brasil. No momento em que o Brasil se despede de Nana Caymmi (1941 – 2025), outra cantora de grandeza artística que jamais pode ser embaçada pelas pequenezas humanas, ler Elis – Nada será como antes é entender que nossas maiores cantoras também rebentaram porque estavam vivas. Cada uma a seu modo, Elis e Nana se fizeram ouvir pela natureza sublime do canto, mas também porque falaram alto e jamais baixaram o tom diante de mundo comandado por homens. Ao longo de 464 páginas escritas sem firulas, com a objetividade dos melhores jornalistas, Julio Maria não absolve e tampouco condena Elis, mas somente relata os fatos, procurando expor todos os ângulos sobre cada atitude controvertida, sem jamais pisar no terreno lamacento da fofoca ou do sensacionalismo. A alta qualidade do texto (sempre fluente) e da apuração (sempre precisa) credibilizam a biografia. Contudo, em 2025 como em 2015, é justo lembrar que, há 40 anos, em 1985, a jornalista Regina Echeverria lançou biografia da cantora, Furacão Elis, que já apontou a complexidade de Elis. Julio Maria foi além em 2015 e vai mais além ainda na reedição de 2025, pela minúcia dos fatos. Somente o relato detalhista das últimas horas de vida de Elis, com informações inéditas, já legitima e eleva o livro do jornalista. A edição de 2025 reproduz item valioso para os seguidores de Elis: a relação completa das 26 músicas, com os respectivos compositores, que eram candidatas a uma vaga no repertório do álbum que a cantora arquitetou e que começaria a gravar no fim de janeiro. O disco que marcaria a estreia da cantora na gravadora Som Livre e que Elis não teve tempo de fazer porque partiu a jato num rabo de foguete por conta de mistura acidental de cinzano e cocaína – um erro de dose que resultaria fatal, em que pesem os desesperados esforços feitos por equipe médica para reanimar o corpo inerte da artista. Ali, na maca daquele hospital de São Paulo, Elis rebentou para sempre, mas o que Julio Maria mostra é que a cabeça da artista sempre foi um forno radioativo que podia explodir a qualquer momento, a cada sensação de abatimento, a cada rompante de insegurança (e eles foram muitos ao longo da vida). A Pimenta ardeu desde os primeiros passos da carreira na Porto Alegre (RS) natal. Em que o pese o fato de ter tido novamente o aval dos herdeiros da cantora, a biografia de Julio Maria ressurge nas livrarias com a mesma aura de independência e credibilidade da edição original. O retrato sem retoques resulta da dimensão de Elis Regina Carvalho Costa.

FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2025/05/04/elis-regina-cantora-que-rebentava-porque-estava-viva-ressurge-complexa-e-fascinante-em-reedicao-de-biografia.ghtml


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